Um homem de estômago vazio não é um homem livre.
Um homem nestas condições é um homem condicionado, limitado nas suas acções por uma necessidade que tolhe o melhor que existe em si.
Um homem com fome não vê o colectivo, não vê uma sociedade, vê-se apenas, ele próprio, um fragmento de algo que foi deixado separado, não valorizado.
Um homem com fome não é um homem igual, os outros que não a sentem não são homens iguais.
Recuso aceitar-me igual a outros com existência nessa condição e recuso aceitá-los como iguais.
Para ser verdadeiramente livre o homem tem que ser igual, não na sua expressão mas na sua condição e então, só então, o homem livre entre os livres, vê um colectivo de homens livres e livremente contribui com o seu melhor para o cumulativo.
"É isto a democracia? Claro que não é! 'Ah, você é anti-democrata', dizem-me a mim. Eu não sou anti-democrata... E dizem-me também 'claro, não é nada para admirar, você é comunista!' - o que tem que ver uma coisa com a outra? Se o comunismo errou, se fracassou, pois, que pena! Fracassou, não porque as ideias estejam erradas, mas simplesmente porque as pessoas que tinham a obrigação de aplicá-las correctamente abusaram delas, como sempre acontece, ou quase sempre...", José Saramago
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