A igreja ostentava o peso de quem possui a autoridade de durante dois mil anos explicar ao homem as regras ditas por quem “governa” o universo e o mundo.
A idolatria completava o cenário, criando um ambiente que transpirava teatralmente a representação de um texto gasto.
Os súbditos, como lobos em pele de cordeiro, cumpriam o seu dever, participando no ritual que os voltaria a tornar cristalinos qual a mais pura água das fontes, permitindo assim que retomassem as mesmíssimas atitudes que os levaram a entrar naquele lugar.
As palavras de entoação divina perdiam-se nos espaços em branco deixados pela dúvida e pela incerteza da vida fora daquelas quatro paredes.
O sacerdote esticou a mão, depositando na boca de alguém a moeda de troca para quem purgou naquele instante o fardo da falta de vontade e de humildade para alterar a sua atitude perante a vida.
O santo líquido, modernamente, liberta-nos dos pregos que acumulamos diariamente e que desesperadamente não julgamos nossos, a cruz de Cristo transporta-nos à nossa própria crucificação quotidiana, majorando-nos no final de cada dia a persistente questão da essência da vida.
A emoção, reverberada pelas milenares pedras da sagrada construção, crava na alma e no peito a criogénica suspeita da não inevitabilidade.
Lá fora, ou outros, parte de nós dividida pela matéria, seguem os rituais, determinados por um objectivo que teima muito pouco oferecer.
Literariamente belo.
ResponderEliminarTenho uma nova religião a propor: vamos fazer da Terra um paraíso; agir para que a vida na Terra seja um paraíso para todos em vez de agirmos para irmos nós para o paraíso quando morrermos.
É isso mesmo amigo Alf, é isso mesmo.
ResponderEliminarE podemos começar com pequenas coisas que dependem apenas de nós, não temos que esperar por mudanças significativas imediatas, pequenas acções no nosso dia a dia.
Abraço livre.