O universo parece reger-se por uma autoridade, pelo menos assim crê a maioria dos seres humanos, visto existirem regras que definem e condicionam o seu funcionamento (aparentemente), tendo em conta a profundidade do conhecimento humano.
Os elementos têm certas características e obedecem a determinadas regras que segundo a leitura da humanidade correspondem a estruturas hierarquizadas.
Ao longo dos tempos a humanidade tem construído as suas sociedades com espelho nas interpretações destas observações.
Se a construção cósmica é uma hierarquia autoritária com regras intransponíveis e como tal não sujeitas a discussão, compreensão e aceitação por parte dos seus intervenientes, pelo homem, então o ser humano está desculpado, perdoado, pode repetir os mesmos erros vezes sem conta, reviver os ciclos infinitamente pois a sua voz, a sua acção, o seu entendimento e a sua vontade em nada influenciam a realidade e o desígnio último da mesma.
Somos nesse caso marionetas, em que o limite da nossa acção é determinado pelo comprimento das cordas do todo.
Mas parece, que a autoridade gosta de ser desafiada, permite até uma pequena brecha para que os mais audazes se atrevam a espreitar e ousem contrapor o desafio.
Estamos a presenciar um tempo em que as observações dão lugar a novos conceitos e novas visões do universo, do mundo e das sociedades humanas.
Hoje, o vazio cósmico não o é, a velocidade da luz não é o limite, a matéria não é sólida, a teoria da sobrevivência do mais forte demonstrou não funcionar, o homem continua desigual e o sonho é inerte.
Mas se a construção cósmica não for uma hierarquia autoritária, e tudo o que existe for de livre vontade, se o electrão se movimenta não por obrigação mas por ser aquilo que melhor sabe fazer, correr correr, desenfreadamente, e tanta vontade de correr gera um campo magnético, um orgasmo cósmico permanente.
E se tudo for conforme a nossa vontade?, aí a realidade apresenta-se diferente, o homem não pode repetir os mesmos erros vezes sem conta, tem uma responsabilidade, um dever e um direito, tem o dever de reunir todo o seu saber, toda a sua vontade e construir a melhor sociedade que puder e também o direito de exigir uma sociedade que seja a melhor que é possível ser com os actuais conhecimentos da humanidade.
Se assim for não existem cordas que nos limitem a não ser as nossas próprias cordas.
O pior, meu caro, é que a realidade é plural: existem vontades, homens, sociedades... a marcha humana dificilmente suporta comparações com as leis do universo, até porque os humanos são os únicos seres com capacidade para lhe provocar alterações... Quanto à repetição de erros, alguém cautelosamente e defendendo os seus interesses se encarregará de assegurar que isso aconteça...
ResponderEliminarA nós cabe-nos o mais difícil passo da Evolução: a construção de uma sociedade. Se fosse mais fácil, já a Natureza teria encontrado a solução; em vez disso, fez-nos a nós para que nós resolvessemos o problema que ela não pode resolver. Como não é um problema fácil, havemos de errar muitas vezes. O erro, o sofrimento, faz assim parte do processo de solução do problema.
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