Sabemos que o actual paradigma económico, - o conjunto de interpretações, sob forma de conceitos, tornados regras de modo a permitir organizar a actividade humana no seu desígnio de sobrevivência e resfolgo da incerteza e da dor, chamado de economia, - requer um constante crescimento da mesma, os signos representativos da actividade humana precisam ser de ciclo para ciclo superiores ao anterior para garantir que estamos efectivamente a afastar o fantasma de uma existência dubitativa, dizem-nos!
Chegam mesmo a conceber um limite, um valor mínimo sobre o qual a nossa percepção de segurança, a nossa crença na continuidade da vida está assegurada, abaixo desse valor a vida é heteróclita.
E vivemos assim, geração após geração acreditando que a nossa intervenção no arranjo e rearranjo da matéria tem obrigatoriamente de acrescentar mais, ciclo após ciclo.
Mas será realmente assim? Terá a economia efectivamente que crescer todos os anos mais? Existe a necessidade de um crescimento mínimo determinante para satisfazer os requisitos das populações? É esse acréscimo da actividade económica devolvido às forças que lhe deram origem?
Sabemos que o paradigma actual fomenta, demanda e não se mantém sem um consumo intensivo e constante, temos consciência que consumimos muito mais do que na realidade precisamos, fomos e somos estimulados, verificamos que não são as nossas necessidades que impulsionam um crescimento perpétuo mas o crescimento perpétuo que requer o nosso consumo intensivo e constante.
Tendo este efeito em conta, o aumento das necessidades de determinada sociedade não será tão substancialmente maior no período seguinte que obrigue a valores padrão de crescimento, e mais, sabemos que actualmente é introduzido um factor disruptivo para condicionar a vida útil das produções.
Não são as necessidades dos indivíduos que obrigam a uma produção exponencial é o sistema que o exige.
E porque se adopta um sistema com estas características? Porque é preciso que a sobrevivência das pessoas dependa daquilo que produzem e para manter essa dependência requer-se cada vez maior nível de produção e o interessante é que o proveito de toda esta escalada de produção não reverte equitativamente a todos os sectores da sociedade como seria expectável num circuito fechado que supostamente se pretende eterno.
Como é fácil perceber, um sistema estabelecido no princípio do crescimento exponencial é um sistema falível, pois é impossível um incremento perpétuo com recursos limitados, tal sistema torna-se então ele próprio um ciclo, com fases disformes entre si, finito.
A alternativa, um novo sistema, uma nova forma de ser, um equilíbrio entre as necessidades reais e não induzidas, a repartição da participação dos indivíduos na sua produção, reduzindo a intensidade da participação individual, incorporando excluídos e distribuindo proveitos com justeza.
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