O comunismo do futuro não será o comunismo do passado.
O conceito de “suficiência”.
Chegados aqui, ao hoje e tendo em conta o passado longínquo, o passado recente e o presente passado temos perfeita noção de que sabemos tudo.
Parece irreal, talvez até inacreditável mas no que diz respeito á organização das sociedades
sabemos tudo, está tudo estudado, dissecado, analisado, inventado, observado e concluído, ponto final.
Mas perguntamo-nos, se assim é porque vivemos como vivemos?
Essa é a boa pergunta!
A resposta é simples e no entanto complexa.
A resposta simples é porque separámos, algures ao longo do caminho, a sobrevivência da existência.
A resposta complexa tem raízes na dor, no medo e na violência.
O que tem de especial o tempo que hoje vivemos e particularmente depois da abundância desigual da modernidade é que nos permite exigir, sim exigir, aquilo que sabemos é possível
concretizar.
Ninguém hoje nos pode dizer com substancia de razão que a maior parte dos bens necessários á sobrevivência do indivíduo não podem ser colocados á disposição de todos os elementos da sociedade por falta de meios para tal.
Não nos podem convencer que a agricultura não pode produzir mais, melhor, com menos impacto ambiental, com preços mais baratos e o mínimo de intervenção humana.
Não nos podem convencer que uma fábrica robotizada não pode produzir casas pré-fabricadas com novos materiais ecologicamente funcionais a baixo custo e com o mínimo de intervenção humana.
Sabemos que o sistema actual condiciona a produção e condiciona os preços conforme os interesses de uma parte (pequena, muito pequena) da sociedade.
São apenas dois exemplos de como é possível hoje com o conhecimento e tecnologia que possuímos, entregar a todos os indivíduos de uma sociedade os meios necessários para que a sua existência não dependa da sua capacidade de sobreviver, sobrevivência essa condicionada ainda por cima por um ambiente predatório, viciado, inibidor da criatividade e promotor de comportamentos divisórios.
O conceito de suficiência, traduz-se num direito universal agregado ao nascimento de um individuo.
Trata-se portanto de garantir que todo o ser humano que se vê nascido, tem desde esse momento garantida a sua sobrevivência física proporcionada por todos os meios desenvolvidos pela sociedade.
Não estamos a falar obviamente da condição de garantir telemóveis, plasmas de última geração ou coisas do género.
Podemos até ir mais longe em termos de liberdade e argumentar a necessidade de que o conceito de suficiência se limite exactamente às necessidades básicas do organismo humano,
alimentação, saúde e habitação pois o objectivo é eliminar a luta pela sobrevivência e deixar prevalecer todas as mais-valias decorrentes desse facto.
Do facto dos indivíduos terem a sua existência assegurada resultará uma explosão de criatividade e bem-estar que impulsionarão as sociedades para um outro patamar de consciência e desenvolvimento de entre os quais facilmente se destacam, a redução do crime, o desemprego desaparecerá, as famílias terão mais tempo para as crianças, o prazer de ser e fazer será o motivador das construções humanas.
Mas…
…a verdade é que os privilegiados do sistema existente, sabem perfeitamente que a luta permanente pela sobrevivência é o ponto fulcral para que possam ter escravos, assim foi ao longo do tempo e no presente, agora que se desmoronam as grades que nos mantêm presos; o trabalho assalariado, preparam-se mais uma vez para fingir que nos libertam e procuram já elevar o jogo para outro nivel; permutar a posse da nossa possibilidade de trabalhar, pela posse dos recursos naturais que precisamos e que teremos que adquirir, se nos deixarem.
Como tal só existe uma forma de real libertação, aquela que elimina a causa da prisão, a luta pela sobrevivência, a solução? Um conceito de suficiência.
Continua...
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