Sociedade voluntária

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domingo, 2 de outubro de 2011

O novo Comunismo - 2ª parte

O comunismo do futuro não será o comunismo do passado.

O desenho de um novo contrato social, contém como que obrigatoriamente a tentativa de resposta às questões que lhe originaram a necessidade e que são o resultado do esgotamento da base social anterior.
Não é mais do que a continuidade dos processos evolutivos das sociedades, nas quais um modelo de desenvolvimento chegado ao ponto máximo da sua “plasticidade”, se vê pelas suas próprias regras constituintes, incapaz de resolver, sem que com isso deixe de ser o mesmo modelo em si.
Percebe-se que as questões originadas pelo individualismo sobre uma matriz de acumulação
capitalista simbolizada pelo dinheiro, pela expansão do egocentrismo irá conduzir a soluções de carácter mais comunitário em relação aos meios de vida e libertários na realização e concretização das vontades e sonhos individuais.
Vemos hoje surgir os contornos largos do que será esse novo contrato social, nos exemplos observáveis de indivíduos que procuram e estabelecem a constituição dos seus meios de vida através de actividades que seriam inimagináveis á um século atrás, como surfistas, montanhistas, desportos radicais e outros que aos olhos do passado não acrescentariam riqueza , sendo no entanto o vislumbre do novo modelo de trabalho: a vocação, o desejo de realizar algo que torna o indivíduo maior e que arrasta consigo os limites da sociedade.
A massificação desta forma de realização do indivíduo e de contribuição para a sociedade implica que a existência física não esteja dependente da retribuição alcançada com a actividade.
Requer o fim do trabalho repetitivo e do assalariamento, não só pelo incremento da tecnologia que permite a automatização mas pela limitação á criatividade imposta ao indivíduo.
Num aparte puramente filosófico não deixa de ser irónico que a defesa do trabalho assalariado por parte das forças comunistas constitua na realidade um prolongamento do sistema existente, sendo que a destruição do assalariamento é a destruição do sistema capitalista.

Emergente é também a significativa procura de alteração do sistema político na actual fase de desenvolvimento das sociedades.
Tendo o estado como arbitro dos conflitos da sociedade o requisito de uma representatividade e posteriormente de uma gestão, era inevitável que fosse confrontado com a pressão exercida por parte das forças mais poderosas da sociedade e como tal se deixasse influenciar
na tomada de decisões de arbitragem.
A constatação de tal facto leva a que a sociedade requeira uma participação efectiva na tomada de decisões que elevará a democracia de representativa a participativa, significando que a sociedade tomará as decisões e a representação as executará, tornando efectiva a direcção da sociedade segundo a vontade dos seus elementos e não segundo a “interpretação “ dos representantes dos seus elementos.
Este facto por si só é um enorme contributo para o objectivo de alcançar uma sociedade mais justa e livre pois os seus elementos são na essência mais genuínos, consequência de serem os portadores da acção que conduz á evolução do todo.


Continua...

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