O capitalismo, podemos definir de forma básica como o sistema económico no qual o factor monetário, o capital, possui predominância em relação aos outros elementos que constituem um modo de produção.
No modo de produção capitalista outros factores de produção, nomeadamente o trabalho e os recursos naturais são considerados instrumentos ao dispor do fim último de gerar mais capital, o lucro ou mais-valia.
O lucro ou mais-valia consubstancia-se em acumulação de capital que tende à sua maximização e como tal o condicionamento dos outros factores de produção é imperativo.
Este facto é perceptível no que aos recursos naturais diz respeito, pela forma indisciplinada e predadora como são tratados tanto os recursos virgens como os desperdícios resultantes da produção selvagem.
Na sua odisseia pela maximização do lucro, o capitalismo industrial descura não só os recursos e o equilíbrio ambiental como também outro factor tão ou mais importante e que designamos por trabalho e que é a participação humana na transformação da matéria de forma a servir as suas necessidades, na fase inicial do capitalismo industrial o lucro era obtido através do aumento do horário de trabalho que possibilitava a produção de maior quantidade de produtos mas com o advento da eficiência tecnológica e da automação a intervenção humana na produção tem vindo a diminuir, de forma que é previsível que o trabalho no seu conceito tradicional, repetitivo e de retribuição por hora não mais existirá, paralelamente ao advento da tecnologia, o capitalismo industrial tende também como forma de maximizar os lucros a desvalorizar o valor hora do trabalho ainda existente, conjugando a máxima produção pela tecnologia com o mínimo custo da participação humana.
É a constante maximização do lucro, quer por aumento da produção via tecnologia, que conduz a menos participação humana, quer pela redução dos salários, que alberga o gene autofágico do próprio sistema, pois o aumento da produção requer obrigatoriamente o aumento da capacidade de consumo, é que um bem não vendido/comprado/consumido não produz lucro.
Podemos dizer que no modo de produção capitalista o valor pago ao trabalho na produção de um bem é sempre inferior ao valor de mercado desse bem o que quer dizer que em cada momento nunca existe a capacidade de consumo da totalidade dos bens produzidos, criando assim um hiato, um diferencial que o incremento tecnológico viria a suprimir não fossem a redução dos salários, o aumento da mais-valia e os impostos.
O gene autofágico do capitalismo industrial reside no facto de que a redução dos custos de produção com intuito de maximizar o lucro conduz inevitavelmente ao colapso pela redução simultânea da capacidade de consumo dos bens fabricados.
Mas não se pense que foi dita a ultima palavra do capital, reconhecendo o gene contido em si e que esgotaria a participação do capital na industria, rapidamente se preparou para perpetuar o seu domínio de uma outra forma, de forma a que, a matéria, limite ao crescimento exponencial, não interviesse condicionalmente na acumulação de capital, na geração de mais-valia, na continuidade da primazia da “espécie monetária”, de forma a tornar-se auto-reprodutivo, o capitalismo financeiro.
Seguindo-se à tendência de esgotamento do lucro industrial, a perpetuação do sistema só seria viável por desanexação à matéria, construindo um universo muito próprio, o universo financeiro e conseguiu esse objectivo com a abolição da paridade com o ouro, permitindo assim um re-inicio de ciclo na acumulação de capital, um re-inicio em que o capital se auto-reproduz financeiramente em construções virtuais e especulativas.
Mas o gene, esse continuou e continua presente.
pois, é isso... o problema é definir um sistema alternativo a que as pessoas adiram,que reconheçam como melhor... necessariamente um sistema que respeite a propriedade privada, que deixe em aberto a possibilidade de enriquecimento, que permita percursos pessoais de busca de realização... essas necessidades básicas que surgem com toda a força assim que a sobrevivência fica assegurada
ResponderEliminarAlternativas existem e têm sido elaboradas, a questão é acordar as pessoas do estado hipnótico em que se encontram.
EliminarAbraço livre.