Sociedade voluntária

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domingo, 24 de novembro de 2013

Simulador virtual da realidade simbólica.

Simbólico, o acto protagonizado pelas polícias na escadaria da assembleia, pode, numa 1ª análise conduzir-nos a pensar que a desobediência está à espreita, à esquina e que se expressa numa mensagem categórica em estado latente, mas é a sua expressão teatral, o fecho do pano na peça representada, da qual se retira a moral, a conclusão, que nega a premissa do acto em si, tornando claro que a acção é na realidade uma não acção.
Neste sentido o simbolismo da manifestação policial é semelhante ao simbolismo das recentes manifestações civis; o propósito de alterar a realidade sem querer tocá-la. O governo percebeu perfeitamente que simulação da realidade não é a realidade e substituiu pelo chefe dos secos o chefe dos molhados.
Dizer isto não é defender o uso da violência, é muito pelo contrário, propor a opção da força das convicções por oposição.
A força das convicções não é passear de autocarro e ao fim do dia voltar para casa com a sensação de um dia bem passado, a força das convicções não é romper a barreira dos camaradas, trocar abraços e apertos de mão e voltar para trás porque as febras estão a ficar frias. A força das convicções é recusar o autocarro e recusar ir para casa, é não romper a barreira mas não arredar pé, ontem, hoje, amanhã.
A força das convicções é acção não violenta e pressupõe que o monopólio da violência por parte do Estado se traduz em capacidades muitíssimo desiguais do seu exercício em relação à sociedade civil.
Pressupõe o princípio de que, se não pode combater a violência com violência pelo simples facto de a sua admissão ser a sua legitimação para qualquer outra circunstância, é só mudar a argumentação.
E em terceiro lugar porque no exercício da violência há sempre lugar à probabilidade de perda de vidas e ninguém tem por direito requerer a vida de outrem na defesa de uma causa, (direito este concedido ao Estado, que utiliza o individuo como sua pertença e lhe permite fazer a guerra) ocupando dessa forma o lugar do inimigo.
A força das convicções é desobediência por exigência alteração da realidade, não simulação ou destruição.

1 comentário:

  1. O Gandi foi o grande mestre destas coisas. Há que seguir o exemplo dele

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