O humano é um animal frágil, frágil porque distante dos
automatismos da natureza, os automatismos naturais são leves em si, são predominantemente
instintos de presença e não tanto resposta integrada.
A distância que separa o animal humano e os automatismos
da natureza é um vazio de intensidade da ordem primordial, fazemos questão de
lhe chamar liberdade e, é precisamente pela capacidade de escolher que se torna
imperativo estar ciente, não há escolha sem consciência de si, porque o
instinto é fraco e a consciência toma lugar o humano age e, constrói para si
uma réplica própria do instinto que lhe falta.
O Homem assume assim a responsabilidade de, por vontade
sua, colocar no seu lugar a decisão de voltar.
De certa forma sempre presente no trajecto percorrido permeia
uma tentativa de construção artificial dessa ordem primordial, a ordem que
garante o pertencimento justo a tudo quanto existe ainda que não consciente,
mas agora no Homem fluido, de forma voluntária, intencional, consciente e até
esperançosa, desejosa e ambiciosa.
O peso que o Homem transporta é de uma grandeza
descomunal, nas suas costas repousam milénios da sua História e com isso o peso
dos Deuses; representação do maior, do incógnito universal; a eterna incerteza do
propósito e a dúvida individual; a diversidade de unos a sua plasticidade
igualitária e simetria diferenciada.
O peso que transporta é provavelmente o da
responsabilidade de voltar escolhendo, definindo e memorizando o caminho,
levando consigo os marcos identificadores dessa estrada que são as experiencias
vividas.
O desafio do Homem é talvez paradoxalmente conduzir o
universo de volta a casa, de forma consciente, de forma experienciada, vivida,
a genuína transmissão de informação; viver.
Ao viver e saber que vive o Homem recolhe e escolhe a que
julga ser a melhor informação a transmitir geneticamente ás gerações seguintes.
A nova geração possui a informação genética das
dificuldades e obstáculos da geração anterior e predispõe os genes de resposta
a esses obstáculos, isto de forma individual mas também colectiva.
Uma semente contém em si toda a informação para
desenvolver uma planta similar á que lhe deu origem, um animal carrega consigo toda
a informação necessária para ser o animal que precisa de ser mas também alguma predisposição
ao meio envolvente geneticamente transmitida e o Homem nasce com toda a
informação para dar continuidade ao fluxo de progressividade dos seus
progenitores ao momento da sua concepção.
A passagem de informação genética permite a evolução/continuidade
da vida o mesmo que dizer a evolução/continuidade do universo que, de vida em
vidas toma consciência de si próprio.
Pergunto porque o suicídio é socialmente tão mal aceite,
tão reprimido e desconsagrado?
Talvez porque de forma generalizada represente a não
continuidade.
Existe um código universal e esse está presente em tudo
quanto existe, esse código é o único automatismo a que o Homem tem de se
submeter, a transmissão/ continuidade da informação, porque a informação não
pode parar, a vida não pode parar, o universo não pode parar.
E se o Homem não o fizer algum outro ser tomará o seu
lugar no aparente infinito caminho de regresso.
O universo tem de regressar e porque partiu automatizado
tem de regressar livre.
Ou não, podemos sempre argumentar que uma borboleta, um
ser que vive quase em perfeita sintonia com o meio sem necessidade de o alterar é um
estado muito mais evoluído do conceito de vida.
"A nova geração possui a informação genética das dificuldades e obstáculos da geração anterior e predispõe os genes de resposta a esses obstáculos, isto de forma individual mas também colectiva."
ResponderEliminarTalvez seja até científico, mas que prova eu tenho disso?
Que sei eu caro Rogério, que sei eu?!
EliminarÉ apenas uma divagação intuitiva.
O que é uma revolução senão a resposta de uma geração ás dificuldades e obstáculos "encontrados" pela geração anterior, com toda a materialidade que se queira/deva incluir.
Como é que uma criança utiliza um telemóvel ou um pc muito melhor que os seus pais ou avós tendo tido muito menos contacto material com a tecnologia.
Digo eu.