Pode o titulo enganar quem tem acompanhado as letras que
por aqui deixo mas, afirmo desde já nunca me ter exaltado como perito ou
especialista, muito pelo contrário, o que vou escrevendo resulta das reflexões
que me obrigo a fazer para entender o mundo que me rodeia e maior parte das
vezes opto por expor essas reflexões sem o devido enquadramento das doutrinas
aceites e reconhecidas, intencional.
Serve a introdução para conduzir mais esta.
O comum dos cidadãos, em que me incluo, aqueles que não
são especialistas em ciência política, quando usam o termo capitalismo
referem-se essencialmente ao primado do dinheiro relativamente aos outros factores
da economia, referem-se essencialmente à acumulação de dinheiro que torna
alguém capitalista, ou seja detentor de capital, o mesmo que dizer detentor de
dinheiro, em regra muito.
Esta leitura, apesar de aceitável hoje, consequência da
fase financeira do capitalismo, não representa eventualmente um entendimento mais
alargado do capitalismo, podendo originar que se deite fora o bebé juntamente
com a água do banho.
E o bebé é nada mais nada menos que o capital, o capital
é irreversível, direi até que para eliminar o capital é necessário eliminar
toda a civilização ou seja todo o conhecimento, para que seja eliminada toda a
capacidade produtiva.
E porque faço uma subtil mas vital diferenciação entre
capital e capitalismo?
Porque o capital é vital, já o capitalismo
não.
Estarão neste momento a pensar- Este gajo é maluco, como
pode querer separar o capital do capitalismo?
Vou tentar explicar!
O que é o capital?
É simples, sou adepto da simplicidade, como dizia
Einstein – “No dia em que descobrirmos os segredos do Universo ficaremos
admirados por não termos pensado nisso antes, dada a sua simplicidade”.
O capital é o excedente, (palavra de importância extrema,
mais do que normalmente lhe damos) é aquilo que o Homem consegue produzir para
além do que consome, mas não de forma ocasional, não como resultado de uma
caçada mais proveitosa que o habitual ou de uma recolha mais frutuosa, o
capital surgiu precisamente quando o Homem conseguiu através da sua acção
directa na natureza, garantir o dia seguinte, eliminar a incerteza do futuro.
Hoje o capital já não é propriamente o excedente mas a
capacidade de gerar excedente.
Não vou entrar em detalhes sobre o excedente mas é fácil
perceber a evolução do excedente desde o domínio da agricultura e pecuária
passando pela produção industrial até á produção financeira.
Parece assim obvia a diferença entre capital e
capitalismo, o capital está intimamente ligado à capacidade de sobrevivência do
ser humano, à capacidade de garantir o futuro e quanto mais evoluir mais
capital o Homem vai gerar (incluindo todo o esforço em curar doenças e
prolongar a vida) e a tecnologia tem e terá um papel fundamental pois será até
de certa forma o capital (excedente) que nos vai libertar do actual paradigma
de trabalho, pois será cada vez menos necessária intervenção humana para gerar excedente..
Assim devemos concentrar os nossos esforços em garantir o
capital e eliminar o capitalismo, esse sim um conjunto de princípios que
favorece a apropriação minoritária do excedente e, como dizia Marx-“O que o capitalismo tem
de bom é que vai dar origem a algo melhor” e neste sentido o que se impõe pode
ser socializar o capital, nunca eliminá-lo.