E chegamos aqui, ao capitulo da austeridade, fase intermédia do nada, preâmbulo do novo,
marcha fúnebre de um paradigma.
Anuncia-se a necessidade de um reajustamento recessivo como forma de alcançar um novo equilíbrio que permitirá então voltar a um percurso de crescimento, e vemos na Europa, os países, um atrás do outro, sujeitos á imposição de medidas que ultrapassam a eventual necessidade de reduzir o consumo compulsivo e a configurar uma regressão das conquistas elementares de uma sociedade evoluída.
O pressuposto de que, e não contrapondo argumentos quanto á efectiva necessidade deste tipo de reajustamento, atingido tal fim, a economia estará pronta a avançar, a seguir caminho como se fora apenas um interregno e o vapor será outro, temo muito ser uma ilusão, falta de visão ou então propósito.
A realidade que se me perspectiva é a de que com o mesmo sistema financeiro e económico,
com o mesmo paradigma, se princípios fundamentais não forem alterados, não haverá crescimento, jamais, apenas marasmo, haverá é uma austeridade permanente, declínio dos parâmetros civilizacionais e redução da população.
No ocidente, nas economias Europeia e Americana, consequência da globalização de dominação financeira, ocorreu um processo de desindustrialização, e blá blá blá, já todos sabemos como e porque aconteceu, o que podemos não saber é que a ultima consequência desse processo é precisamente a impossibilidade de continuação do mesmo sistema.
A China está em crescimento acelerado assim como a Índia, o Brasil, a Rússia, a África do Sul,
em suma os BRICS, os emergentes, estão na senda de alcançar os índices de desenvolvimento existentes no mundo ocidental, e para isso é requisito essencial , neste sistema, a produção massiva constante, o consumo massivo constante, ora a Europa e os EUA estão em recessão, os rendimentos das pessoas estão em queda real no mínimo á uma década, o poder de compra vai ser ainda mais diminuto consoante novos países entrarem em regime de austeridade, o que também se aplica aos EUA é só esperar para ver, apesar e sobretudo de deterem a capacidade de desvalorizar a sua moeda.
Como já se percebe continuam a apontar como saída para a crise a competitividade, todos os países tem que ser mais competitivos, produzir mais, vender mais, mas o que ninguém ousa perguntar é vender a quem?
Quem é o comprador dos produtos que todos os países procuram em simultâneo vender mais
mais e mais.
A Europa procura produzir e vender mas reduz a capacidade de compra dos seus cidadãos, os EUA completamente desindustrializados não criam postos de trabalho suficientes e os rendimentos das famílias estão a cair, a África como continente não conta para esta estória pois não tem capacidade de consumo significativa, os emergentes ou Brics querem é produzir não querem uma economia baseada no consumo interno pois isso não os faz atingir os referidos índices de desenvolvimento.
Quem vai absorver esse incremento de produção?
Portanto vamos todos produzir muito, mas diminuímos a capacidade de consumo, aumentamos a idade da reforma impedindo a entrada no mercado da força produtiva mais jovem, reduzindo ainda mais a capacidade global de consumo, mas vamos todos produzir mais. Ok!
Mas vamos imaginar que por milagre se conseguem retomar valores de crescimento suficientes para gerar um equilíbrio nas economias, e os recursos?
Já pensámos bem?
A China em pleno desenvolvimento, a Índia, o Brasil, A Rússia e com o milagre a Europa e os Estados Unidos, todos com economias crescentes a requererem recursos naturais para que isso seja possível?
A que preço estará o petróleo nestas circunstancias? E o gás? E o carvão? E o cobre? E o Ouro, a prata, o milho, o trigo, o arroz, a carne, o peixe, o pão?
Será possível disponibilizar os recursos energéticos a preços compatíveis com as necessidades de todas as grandes economias em simultâneo crescimento? com este paradigma? Não me parece!
Um facto me parece desenhar-se claro no horizonte; ou existe uma mudança de paradigma económico e financeiro ou digamos adeus ao crescimento, direitos adquiridos e perspectivas de evolução civilizacional…para o resto das nossas vidas!
Ah! E preparemos os nossos filhos para o prodígio de em muitos anos serem os primeiros a viver pior que a geração que os antecedeu.
Ou em alternativa vamos mudar isto.