Foi despoletada uma onda, num mundo sano o surgimento
desta onda seria natural, seria de esperar como resposta à explícita
significação da actual construção da realidade mas, como não estamos num mundo
são e a informação e os significados encontram-se infiltrados principalmente
pela distorção propagandística a mente lógica não consegue formular os parâmetros
do real e a onda que seria natural surge com alguma qualidade de surpresa.
Para quem segue os acontecimentos com alguma atenção os
anos que agora vivemos têm sido acompanhados sempre com os olhos postos no
eventual momento em que se tornaria visível a manifestação da onda.
Estamos na fase em que a onda ultrapassou os campos menos
densos do pensamento e penetrou a densidade maior da acção, começou na Grécia
com o episódio SYriza depois com a vitória do Podemos nas regionais Espanholas
e avançou agora para Inglaterra com a eleição de Jeremy Corbyn como líder dos Trabalhistas.
A onda é uma onda revolucionária, ainda tímida podemos
chamar-lhe uma onda “esquerdista” no
sentido do constatado no paragrafo acima, mas não nos iludamos é uma onda
revolucionária, as pessoas estão a começar a perceber o “filme” e estão a
perder o medo, para já o “medo intelectual” mas se a pressão continuar (e em
minha opinião vai continuar universalmente) perderão também o medo físico e
nesse caso poderá ser observada pelos tratados clássicos.
As “coisas” começam a ser de tal forma perceptíveis que
alguns dos “ratos doutrinados” começam a abandonar o navio aflitos pelos mares
navegados.
Um desses casos vi ontem no canal E com o excelentíssimo
senhor Manuel Monteiro ex-líder do Cds, em que a dada altura o ilustre
professor confessou fazer umas profundas reflexões de entre as quais uma, a de
que até que ponto alguém poderia ser livre tendo uma hipoteca ao sistema
financeiro relativa ao tecto onde abriga o seu corpo (palavras minhas) e mais
algumas sobre a forma como as privatizações estão a ser realizadas ao ponto do
seu contra-debatente observar que o doutor Monteiro não era o único, não se encontrava
sozinho e que Jerónimo de Sousa o acompanhava.
Eu, zé-ninguém, estupido que nem uma porta, muito antes
dos cinquenta ou sessenta anos de idade já tinha feito essas reflexões e retirado
as minhas conclusões.
È apenas um exemplo do estado das coisas, continuando…
A onda propaga-se, há ligeiros sinais de possível surpresa
nestas eleições, as pessoas estão a começar a perceber, por cá devagar,
devagarinho e se a onda se dissipa sem aproveitamento politico, democrático e
pacifico temo que a próxima seja oposta.