Sociedade voluntária

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domingo, 15 de janeiro de 2012

Liberdade, a última fronteira – 1ª parte

No inicio era o verbo, sinónimo de intenção, estado, condição, ponto de partida do qual o homem se conhece e reconhece.
Um homem nasce outro morre, o primeiro transporta consigo a amplitude da intenção, o ultimo geralmente o consentimento da limitação.
O homem nascido sente a imposição da necessidade de fornecer ao seu corpo a energia de modo a existir e o impacto desta condição constitui uma restrição da amplitude da intenção e acção humanas.
A liberdade, originária, estado natural, no organismo humano dilui-se na circunstância e em proporção da dependência e das necessidades, incutindo na consciência humana a primeira sensação de condicionamento.
A obrigatoriedade de se manter vivo, condição básica que permite o desenvolvimento da intenção e da acção, revela-se como o elemento singular da construção do edifício humano sendo simultaneamente força motriz e limitação ao pináculo desse mesmo propósito.
Se a amplitude da intenção, a liberdade, é a fundação na qual está contemplada todas as possibilidades da acção no sentido de conceber e criar uma realidade permitindo que a diversidade fecunde e preencha os espaços vazios das necessidades, a troca de restrição por alguma prévia segurança é na prática a obtenção de nenhuma das duas.
A forma mais eficiente de responder a um imperativo é conservar uma multiplicidade de capacidades diferenciadas sendo que à constatação de uma necessidade correspondem por norma diversas tentativas da sua resolução.
Na persecução da obtenção da sensação de segurança, por várias razões, nas quais se incluem os conceitos de uniformização, hierarquização, centralização e controle, acaba sendo entregue ao indivíduo e ao colectivo precisamente mais limitação da sua acção, do seu potencial, no fundo limitação à sua intenção de suprimir as dependências.  
Os indivíduos, partes constituintes de um colectivo, transferem por troca, parte crescente da amplitude das suas decisões convertendo-se em grandes massas de seres vulneráveis, manipuláveis e por fim até defensores do consentimento da limitação através da autoridade de uma representação.
As massas intencionalmente expostas a frágeis e insuficientes ferramentas de conhecimento e informação vagueiam pela ilusão de que a representatividade garante, sem a sua participação efectiva, um equilíbrio e a defesa de valores julgados comuns, ou que não direccione no sentido único da divisão, fragmentação e obstrução ao potencial do colectivo.
A função de representação tende a expandir a transferência das decisões e com isso o crescente domínio, imposição, controle, poder e perpetuação.
A rotura encontra-se no cruzamento entre a cedência das liberdades e a percepção de equivalente recompensa.


Continua…

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