Sociedade voluntária

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quinta-feira, 8 de setembro de 2011

É preciso chegar a velho para verbalizar bom senso?





Ou convém estar fora da política activa...?

"Se os mercados continuarem a mandar, nós vamos para o fundo. Então tem de haver outra revolução, mas uma revolução a sério, não tenha a menor dúvida", afirmou Mário Soares.
"Devemos tentar tudo para defender o Euro e não deixar que o projecto europeu vá abaixo, isto para mim é fundamental", disse Mário Soares, na noite de quarta feira, durante uma tertúlia no Casino da Figueira da Foz.
Defendeu mecanismos de desvalorização da moeda única, argumentando que, para tal, "era preciso audácia", acrescentando que sem o Euro e o espaço Schengen "o processo de projecto europeu fica sem conteúdo, sem nada", referiu.
"Demos dois grandes pulos [na construção europeia] que foram a moeda única e o espaço Schengen que nos tirou as fronteiras. [Sem isso] o que nos resta de contacto, como nos vamos entender uns com os outros?", inquiriu.
Alertou para o perigo do regresso a uma luta nacionalista "que pode chegar até uma terceira guerra mundial".
Na tertúlia, que dividiu com a jornalista Teresa de Sousa, co-autora com o antigo Presidente da República do livro "Portugal Tem Saída", Mário Soares falou da crise actual criticando os mercados financeiros e a tese do dinheiro como único valor.
"Temos de valorizar em primeiro lugar as pessoas e só depois o dinheiro. Se considerarmos o dinheiro como o único valor evidentemente depois não nos admiremos que toda a gente vá assaltar ourivesarias", alertou.
Na resposta a uma questão da moderadora, Fátima Campos Ferreira, sobre se a sociedade portuguesa é pacífica e assim vai continuar face ao agudizar da crise e às medidas de austeridade, Mário Soares argumentou que o problema reside no desespero das pessoas, que é preciso evitar, frisou.
"Até agora ainda não houve nenhuma manifestação que não fosse extremamente ordeira (...) Mas se as pessoas começarem a sentir-se desesperadas, o desespero é mau conselheiro", alertou.
"Por isso é que é preciso que estejam políticos a dirigir isto e não técnicos, porque os técnicos só vêem os números", sublinhou, dizendo que em democracia os mercados financeiros "não podem mandar".

Retirado do Jornal de Negócios

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