Sociedade voluntária

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sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Devaneios...

Havia em tempos mutados, em tempos menos, uma força que quase se tornava razão, existia nos tempos já velhos mas paradoxalmente juvenis um éter resultado do espirito de ambição e desígnio humanos.
Acreditávamos todos que o caminho era sempre em frente, que o lugar de chegada estaria sempre na dianteira do percurso já palmilhado mas que cada metro avante nos traria um pouco daquilo que se buscava.
A vida era então uma participação na senda do que inevitávelmente se construía para encontar esse destino.
Eram os tempos do sonho, da utopia, da vontade, da participação calorosa na multiplicidade de representações da grandiosidade humana, repleta de riquezas culturais, tolerancias, conceitos e estados de alma, mas sempre, sempre embriagados por esse éter que pairava por cima da nuca dizendo-nos que sim que o brilho estava no futuro, nos dias por vir.
Chegou então o tempo em que o tempo se recontou, e a contagem trouxe um outro tempo para aquém da dimensão anterior, derrubando edifícios civilizacionais e removendo o brilho que tinha sido colocado no futuro e que fomentava a esperança.
Elevou-se então o cinzento, a desilusão, o conformismo, o sonho tornou-se pesadelo, na porta só cabe um de cada vez e as palavras tornaram-se pequenas, as acções modeladas e da utopia as vísceras.
Adormece-se encostado e acorda-se fraco, e entre garfadas,
requisito de sobrevivência mal amanhada,  postula-se a saudade, o vislumbre edílico de um outro homem, que fazia acontecer segundo a sua vontade e que concebia a vida como uma escada para a felicidade.

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